domingo, 10 de janeiro de 2010

"Nenhum exército, prisão ou muro consegue-nos parar" de Abdallah Abu Rahmah


Abdallah Abu Rahmah é um professor e activista de não-violência de Bilin. Actualmente encontra-se preso numa prisão Israelita depois de ter sido preso no Dia Internacional dos Direitos Humanos, às 2 da manhã em 10 de Dezembro de 2009, pelas forças Israelitas de ocupação.
Na foto, creditada a Oren Ziv/ActiveStills, podemos ver o Abdallah Abu Rahmah a ser preso por soldados Israelitas numa manifestação em Bilin em 2005.

"A todos os meus amigos,

Marco o começo de uma nova década preso num campo de detenção militar. Apesar disso, de dentro da cela de detenção da ocupação eu encontro o Novo Ano com determinação e esperança.

Eu sei que a campanha militar de Israel no sentido de prender a liderança da luta popular Palestiniana mostra que a nossa luta pacífica é eficaz. A ocupação está ameaçada pelo crescente movimento e devido a isso quer calar-nos. O que os líderes de Israel não compreendem é que a luta popular não pode ser parada ao prender-nos.

Quer estejamos confinados a uma prisão de céu-aberto em que Gaza se transformou, em prisões militares na Margem Ocidental ou nas nossas vilas rodeadas pelo muro do apartheid, prisões e perseguições não nos enfraquecem. Elas apenas fortalecem o nosso empenho em tornar o ano 2010 num ano de libertação através de resistência à ocupação, sem armas.

O preço que eu e muitos outros pagamos em liberdade não nos dissuade. Eu desejo que as minhas duas filhas e o meu filho bebé não tivessem de pagar este preço comigo. Mas pelo meu filho e filhas, pelos seus futuros, nós temos de continuar a nossa luta pela liberdade.

Este ano, o Comité Coordenador de Luta Popular (Popular Struggle Coordination Committee) irá expandir a partir do que foi conseguido em 2009, um ano em que vocês amplificaram as nossas demonstrações populares na Palestina com campanhas de boicote internacional e acções judiciais internacionais ao abrigo da jurisdição universal.

Na minha vila, Bilin, o industrial israelita, Lev Leviev e a Africa-Israel, a companhia que ele controla, estão implicados na construção ilegal de colonatos na nossa terra roubada, também como as terras de muitas outras vilas e cidades Palestinianas. Adalah-NY está a liderar uma campanha internacional para mostrar a Leviev que crimes de guerra têm o seu preço.

A nossa vila processou duas companhias Canadianas pelo seu papel na construção e marketing de novas unidades de colonatos em terra de vilas cortadas pelo Muro do Apartheid de Israel. Os procedimentos legais neste caso que estabelece um precedente, começou nos tribunais Canadianos no último verão e continua.

Bilin tornou-se no cemitério dos impérios imobiliários Israelitas. Uma após a outra, estas companhias aproximam-se da falência à medida que os custos de construção em terras Palestinianas roubadas são superiores aos lucros.

Ao contrário de Israel, nós não temos armas nucleares ou exército, mas nós não precisamos. A justeza da nossa causa traz-nos o vosso apoio. Nenhum exército, prisão ou muro consegue-nos parar.

O vosso,
Abdallah Abu Rahmah
Do Centro de Detenção Militar Ofer
"

7 Janeiro de 2010.
Original em inglês Electronic Intifada